quarta-feira, 27 de abril de 2011

A VOGUE DO ORIENTE: Sibylle, a revista de moda da Alemanha Oriental

O propósito da principal revista de moda da ex-Alemanha Oriental (RDA) era um pouco diferente das demais: moderna, chique e ao mesmo tempo natural. No próprio subtítulo de Sibylle, “Revista para moda e cultura”, já dava para deduzir que o conteúdo ia bem além de uma mera junção de dicas de relacionamento encontradas na maioria das publicações da época.

As fotos eram sempre voltadas para a arte e a cultura e tinham como fundo ambientes familiares do dia-a-dia da RDA, o que fazia com que a mulher se espelhasse nas modelos. Dorothea Melis, redatora-chefe da Sibylle durante uma década afirmou em entrevista dada ao entrevistador Frank Meyer: ″Além de uma revista de moda, também éramos uma revista que prezava a cultura. Ou seja, publicávamos artigos de tudo relacionado ao mundo artístico, como artes plásticas, pintura, literatura, arquitetura, entre outras″.

Naquela época, o governo da Alemanha Oriental objetivava que a mulher fosse retratada meramente como uma mulher operária. Segundo eles, a principal função era ajudar a reconstruir a economia alemã, ainda muito afetada pela Segunda Guerra Mundial. No entanto, a Revista Sibylle trazia o mundo para dentro da RDA e tentava mostrar que uma mulher podia sim trabalhar e ser bonita.

As roupas ilustradas nas capas da revista, na maioria das vezes, não podiam ser adquiridas nas lojas da RDA. A revista reverteu este “problema” ao oferecer às leitoras os moldes das produções. Desta forma as mulheres puderam costurar elas mesmas seus vestidos e ainda estilizá-los individualmente, e ajudar a RDA, alienada dos acontecimentos mundiais, alcançar uma forma de ultrapassar o muro que cercava o país.

Revista mais importante da época da RDA, a Sibylle circulou de 1956 a 1995, teve uma periodicidade bimestral e tiragem de 200 mil exemplares. O documentário ″Träume nicht Sibylle″ (Sibylle, não sonhe!) retrata a trajetória da revista, durante e depois da RDA e mostra as fotografias deslumbrantes, marca registrada da publicação.

Esse meu artigo foi publicado no site da Embaixada da Alemanha: www.alemanja.org

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